outubro 11, 2012

ARART, Arte via AR

Não é nada de novo, mas de tão bem feito que está, parece. ARART é uma aplicação de realidade aumentada desenvolvida por três artistas japoneses Kei Shiratori, Takeshi Mukai e Younghyo Bak que procura injectar vida em obras de arte, tendo-se apresentado para já com com um leque de quadros famosos como Mona Lisa de Leonardo da Vinci, Rapariga com Brinco de Pérola de Johannes Vermeer, A Grande Onda de Katsushika Hokusai, ou os Doze Girassóis numa Jarra de  Van Gogh.


Porque é que ARART é importante? Porque pela primeira vez podemos ver AR a ser utilizada com robustez suficiente para acreditar que será possível seguir por este caminho. Apontar o iPhone/iPad para a tela seja numa revista ou no ecrã do computador e ter um reconhecimento imediato da obra, não se perdendo a animação ao mais leve movimento é muito importante. Além disso tecnicamente foi inserida ainda uma camada de interactividade, no caso da música. Podemos interagir com os discos de vinyl ou CDs, parar, rodar, por a tocar.


Porque é para mim importante? Porque o resultado é francamente refrescante e enriquecedor. Ou seja, os criadores não procuraram ir pelo lado tradicional de adicionar novas camadas de informação aos objectos, limitaram-se a brincar, a jogar com a matéria que está a nossa frente. Nesse sentido limitaram-se a gerar pequenas animações, dentro do género que nos temos vindo habituar no quadro dos novos gif's animados. Mas é na introdução dessa camada de animação ligeira, subtil e que se repete, que está o ganho em termos estéticos para a aplicação e para a obra. Sentimos que nos aproximamos mais da obra, sem contudo romper o seu mistério, o seu valor. Sentimos que de certo modo nos foi dado acesso a um pouco mais, como se pudéssemos espreitar através de um buraco de uma fechadura que esteve fechado por muitos anos.

Parte da animação que se pode ver no iPhone/iPad, aqui em gif animado

É a magia do movimento da imagem, a magia da animação que se reflecte numa espécie de novo fulgor, nova vida para estas obras. Mas claramente que é também a beleza da execução do trabalho em AR. Porque sem a perfeição da animação que aqui temos, toda a experiência se poderia ter gorado. Vendo isto torna-se inevitável pensar que os museus irão deixar de ser o que são. Que os museus do futuro terão muito mais para nos oferecer em termos de experiência. Também tem o potencial de ajudar os livros de papel a sobreviver mais algum tempo, mas nesse caso acredito que mais cedo ou mais tarde será o próprio livro a migrar para o formato digital.

A Grande Onda de de Kanagawa (1829-32) de Katsushika Hokusai

Gostei particularmente de Rapariga com Brinco de Pérola porque a animação está totalmente enquadrada no espírito do quadro, assim como gostei de A Grande Onda de Katsushika Hokusai pelo modo como me surpreendeu. Vale a pena experimentar, até porque a App é grátis.

Filme promocional da aplicação

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